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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Maria vai vivendo.



Sábado de tarde, acho que umas quatro horas e pouco, me bateu uma vontade de fazer algo diferente, desafiador, que eu não pudesse imaginar. Liguei pra minha melhor amiga, perguntei se ela tinha uma ideia, ela disse que não, logo em seguida e disse que seria uma boa ideia viajar para um lugar que eu não soubesse nada, agradeci e desliguei. Achei um bom negócio, resolvi ir, tinha três problemas, dinheiro, idade e para onde ir.
Com apenas quinze anos não possuía uma grande quantia em dinheiro, eu tinha uma poupança, daquelas que só os pais mexem, daí eu pensava, porque é minha se eu não posso fazer nada. Consegui achar míseros duzentos reais, essa grana pagaria minha passagem, e o que viesse  pela frente. Quanto a idade, eu falaria que iria visitar uma tia, e isso bastava para enganar o motorista. Decidir ir para uma cidadezinha chamada Luzes, próxima da minha, porém pouco se ouvia falar dela, eu pelo menos não sabia nada de lá.
Fiz minha mala, na verdade uma mochila, com cinco mudas de roupa, uma toalha, e de calçado bastava meu tênis, coloquei também dois pacotes de biscoito, caso me desse fome, afinal não poderia gastar meu dinheiro com besteiras. Escrevi um bilhete para minha vó, falando que passaria uma semana na casa de uma amiga, e avisando que tudo estaria bem.
Tudo pronto. Mochila nas costas, dinheiro no bolso e fone no ouvido. Comprei a passagem, entrei no ônibus sem nenhuma complicação. Primeira parada, metade do ônibus desceu, segunda parada, quase todos já saíram, tinha apenas eu e uma família, com provavelmente o pai, a mãe, jovem os dois por sinal, e uma criança de aparentemente sete anos. Estaria tudo bem se a criança não tivesse pesadelos à noite, ela falava coisas relacionadas a um acidente, que o ônibus estava destinado a um grave acidente.
No dia seguinte, faltando apenas três horas e meia para chegarmos a Luzes, passamos por um acidente horrível, um caminhão bateu em um ônibus. Fiquei impressionada, e me perguntei como era possível, acabei ficando com a ideia de que era apenas um acaso. Ficaria mais tranquila se vinte minutos antes do desembarque o menininho não tivesse vindo até mim para avisar que deveria tomar cuidado com uma mulher bonita, e para que eu não me iludisse com coisas diferentes, teria que me afastar de tudo que me deixasse curiosa, e finalizando ele ainda disse que o melhor que eu faria era voltar para minha casa.
Fiquei assustada, porém não liguei, guardei aquelas palavras, mas não ficaria confusa. Pensei em voltar, mas acreditei que pudesse ser apenas paranoia do garotinho. Desci do ônibus, procurei uma pensão baratinha, achei uma perto da ponte. A cidade era bonitinha, só que de Luzes não tinha nada.    

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